FRANCIS FORD COPPOLA VS MARVEL



Recentemente li uma entrevista do diretor Francis Ford Coppola, diretor de filmes imensamente relevantes para o cinema mundial. A trilogia Poderoso Chefão fala por si só, mas ainda tem, entre outros, Apocalipse Now, A Conversação e etc. Ele apenas corroborou o que Martin Scorsese já havia dito: os filmes da Marvel não são cinema. Francis foi ainda mais longe: os filmes são desprezíveis. Será mesmo?


A briga é boa. De um lado, diretores de talento mais do que comprovados. Não só por prêmios individuais, mas pelo conjunto de uma obra que fala por si só. Filmes já clássicos e reconhecidos mundialmente. E do outro lado, diretores novatos como James Gunn, com histórias populares, que aproximam públicos de todas as idades. Com filmes bem produzidos e com a bilheteria explodindo em milhares de dólares, onde você está nessa polêmica?


Um dos meus diretores prediletos, Martin Scorsese foi quem começou com tudo isso. Numa entrevista, disse que os filmes da Marvel não seriam cinema. Corroborado por Jennifer Aniston, que acusou a Marvel de "limitar com o cinema", por isso ela havia retornado a TV, com uma série para a Apple TV. Foi aí que Coppola veio "com o pé na porta", enfatizando que os filmes da Marvel seria desprezíveis e um desserviço ao cinema.


Mark Ruffalo usou sua rede social para, discretamente, levantar uma importante questão. "Antigamente as pessoas achavam que rock e hip hop não eram estilos musicais e que eram desprezíveis". Nem precisamos lembrar a importância financeira e cultural que o hip hop e o rock trazem e trouxeram para o planeta. Já James Gunn exemplificou com um outro estilo de filme, muito comum antigamente: o faroeste. 


Muitos dos nossos avós achavam que filmes de gangster eram todos iguais, frequentemente os chamando de ‘desprezíveis’. Nossos avós pensavam o mesmo de faroestes, e acreditavam que as obras de John Ford, Sam Peckinpah e Sergio Leone eram todas iguais. Eu lembro de ter um tio avô para quem eu estava surtando com Star Wars. Ele me respondeu dizendo ‘Eu vi esse filme quando se chamava 2001 - Uma Odisseia no Espaço e, rapaz, era um tédio!’ Filmes de herói simplesmente são os equivalentes modernos aos faroeste, gangsteres e aventuras no espaço. Alguns filmes de herói são terríveis, outros são lindos. Assim como faroestes e gangsteres (e, antes disso, apenas FILMES), nem todo mundo irá gostar deles, mesmo alguns gênios. E está tudo bem.” ( https://www.omelete.com.br/filmes/james-gunn-rebate-coppola-marvel )


O que eu acho? Acho absolutamente desnecessário qualquer comentário contra colegas de profissão. É feio, sabe? Até porque, Martin e Coppola certamente influenciaram as carreiras, não só dos diretores de filmes da Marvel, como de muitos outros simpatizantes do estilo. Parece também um certo despeito por parte de Coppola, menos atuante do que Scorsese. Podemos perceber que, fora a indicação forçada de O Poderoso Chefão 3, seu currículo estaciona na década de 70.


O que é filme de arte? São filmes intimistas, que falam sobre relações humanas? São filmes que não visam o lucro por si só? E fazer filme visando lucro é proibido? Já parou pra pensar em quantos empregos foram gerados pela equipe técnica dos filmes da Marvel? Você quer qualidade de interpretação? Tem na Marvel também. Ninguém indicado, claro. Muito difícil a academia voltar os olhos para esse tipo de cinema. Salvo o espetacular Pantera Negra, com seis indicações, saindo vencedor em três. 


Vamos aguardar os próximos filmes dos diretores críticos ao "cinema de entretenimento" não pra julgar, mas pra vermos com o mesmo gosto e vontade com que vemos os filmes de herói. Cinema é cinema. Pode informar, entreter e fazer pensar. Só não pode ser chato como um filme de Terrence Mallick.


RR







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