RUTGER HAUER - TRIBUTO
Pra sabermos da importante contribuição de Rutger Hauer para o cinema mundial, temos que voltar um pouco no tempo. Até Matrix, em 1999, o mundo da ficção cientifica era dividido entre antes e depois de Blade Runner. Até pelo elenco, inesquecível, com nomes no auge do sucesso como Daryl Hannah, Harrison Ford, Edward James Olmos, Sean Young e Rutger Hauer, ator falecido no dia 19 de julho de 2019, mas a família só deu a notícia da sua morte ontem, dia 24 de julho de 2019.
Rutger Oelsen Hauer, holandês, nasceu em 1944, no auge da segunda guerra mundial. Filho de professores de teatro, o caminho não poderia ser diferente. Sua estréia se deu na série holandesa Floris, de Paul Verhoeven. O sucesso da série o levou a sua estréia no cinema inglês no filme The Wilby Conspiracy, ao lado de Sidney Poitier, em 1975. Logo depois, Verhoeven o recrutou para o filme O Soldado de Laranja, drama de guerra, com Jeroen Krabbé.
Já em 1981, participou de Nighthawks, de Bruce Malmuth. Ao lado de Sylvester Stallone e Billy Dee Williams, interpretou um terrorista internacional que se refugia em Nova York. Na sua estreia nas telas americanas, o ator não só chamou a atenção da crítica, como, dizem, causou ciumes no próprio Stallone. Esse filme foi a abertura de portas de Hauer ao cinema mundial.
Logo depois, o ator fez um filme divisor de águas, não só para a sua carreira, mas para a indústria do cinema como um todo. Blade Runner, de 1982, é levemente baseado no livro "Do Androids Dream Of Eletric Sheep?", de 1968. No filme, Rick Deckard é um caçador de replicantes, seres oriundos da bioengenharia com uma força descomunal. Quando quatro replicantes chegam a terra ilegalmente, Deckard é incumbido de "aposentá-los".
O filme de Ridley Scott é um marco do cinema de ficção científica. Acostumados a monocromia de Star Wars, esse filme mostra um ano de 2019 avassalador, basicamente dominado por asiáticos, naves e robôs. A película escura o torna sufocante, um filme noir de ficção, por assim dizer. As interpretações condizem com a qualidade do roteiro e elenco. O alto nível dos atores eleva ainda mais o filme á um clássico. Incompreendido no começo, vale lembrar.
Com o ritmo lento, o filme foi não foi um sucesso imediato. Nós, acostumados com Star Wars, demoramos a digerir o filme. O subtítulo "Caçador de Androides" nos leva a imaginar algo que não existe. Teve quem não gostasse do filme pela falta de ação. Ora bolas, é um cinema de autor! As questões filosóficas da existência são abordadas quase quadro a quadro. As cenas de ação ( poucas, mas muito boas ) são na medida certa.
Rutger Hauer interpreta Roy Batty, o líder replicante fugitivo. Questionador sobre sua existência ( as velhas perguntas "quem me criou" ou "pra onde vamos" ), tem em seu discurso final o ápice do filme, tanto em termos de interpretação como na criação de uma das cenas mais antológicas do cinema. E, talvez você não saiba, mais a fala foi escrita pelo próprio ator, após algumas mudanças no roteiro original. Ele inseriu " todos esses momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva". É de emocionar.
Emendou com O Casal Osterman, de Sam Peckinpah. Encabeçando o elenco, Hauer tinha a companhia de Craig T. Nelson, John Hurt, Dennis Hopper e Chris Sarandon. No longa, um diretor da CIA denuncia a um jornalista estar sendo perseguido por comunistas.
Aí meus amores, o ator deu mais uma contribuição para outro clássico inesquecível: O Feitiço de Áquila. O diretor Richard Donner teve a companhia de Hauer, Michelle Pfeifer, Mathew Broderick e Alfred Molina. No longa, um ladrão condenado a forca foge, e no meio do caminho, ao ser perseguido pela guarda do rei, é salvo por um misteriosos cavaleiro negro chamado Etienne Navarre e um belo falcão.
No decorrer do filme, percebemos que o cavaleiro e o falcão são um casal vítima de uma maldição. De dia, Isabeau d'Anjou é o falcão, e a noite, Navarre é um lobo, de modo que nunca se encontrem na forma humana. O filme foi um sucesso de bilheteria e de público, tornando-se o um dos filmes mais vistos da década de oitenta.
Os anos seguintes foram movimentados para o ator, que ainda tinha tempo para estrear outro marco do cinema: A Morte Pede Carona, de 1986. Jim Halsey ( C. Thomas Howell ) dá carona a um estranho, sem saber se tratar de John Ryder ( Rutger Hauer ), um assassino em série que age desta forma: pede carona e mata os motoristas. Com uma sorte absurda, Jim consegue fugir, mas a o assassino o persegue de obsessivamente, colocando, inclusive, a polícia contra Jim.
A década de oitenta terminou pra ele de forma digna. Fúria Cega, de Phillipp Noyce, conta a história de um espadachim cego interpretado por Hauer. Cego em combate durante a guerra do Vietnã, ele aprende a técnica milenar da espada num vilarejo local, com o intuito de se proteger. Baseado em Zatoichi, um famoso samurai da TV japonesa. Um bom filme de ação subestimado na época.
Nos anos seguintes, o ator participou de produções importantes, mas nem sempre como personagem central. Batman Begins, Sin City, Confissões de Uma Mente Perigosa, O Ritual, Drácula 3D, A lenda do Santo Beberrão e até um filme rodado em Ubatuba, Fliyng Virus. Isso porque eu escrevi os principais. O ator fez mais de trinta filmes, entre produções na Holanda, Estados Unidos, Espanha e Brasil.
O ator também era conhecido por sua colaboração com o Greenpeace e também possuía uma ONG chamada Starfish direcionada a prevenção da AIDS. Em seu segundo casamento, o ator deixa a esposa, com quem viveu por cinquenta anos e uma filha, a atriz Aysha Hauer, fruto de seu primeiro casamento.
Seu legado será lembrado não só pela indústria cinematográfica. Será lembrado por todos nós que fomos tocados de alguma forma por meio de seu trabalho, sua arte. Mais um grande mestre se foi, e não estamos conseguindo substitui-los em tempo. Perde o cinema, perdemos todos. Não será esquecido.
RR
Logo depois, o ator fez um filme divisor de águas, não só para a sua carreira, mas para a indústria do cinema como um todo. Blade Runner, de 1982, é levemente baseado no livro "Do Androids Dream Of Eletric Sheep?", de 1968. No filme, Rick Deckard é um caçador de replicantes, seres oriundos da bioengenharia com uma força descomunal. Quando quatro replicantes chegam a terra ilegalmente, Deckard é incumbido de "aposentá-los".
O filme de Ridley Scott é um marco do cinema de ficção científica. Acostumados a monocromia de Star Wars, esse filme mostra um ano de 2019 avassalador, basicamente dominado por asiáticos, naves e robôs. A película escura o torna sufocante, um filme noir de ficção, por assim dizer. As interpretações condizem com a qualidade do roteiro e elenco. O alto nível dos atores eleva ainda mais o filme á um clássico. Incompreendido no começo, vale lembrar.
Com o ritmo lento, o filme foi não foi um sucesso imediato. Nós, acostumados com Star Wars, demoramos a digerir o filme. O subtítulo "Caçador de Androides" nos leva a imaginar algo que não existe. Teve quem não gostasse do filme pela falta de ação. Ora bolas, é um cinema de autor! As questões filosóficas da existência são abordadas quase quadro a quadro. As cenas de ação ( poucas, mas muito boas ) são na medida certa.
Rutger Hauer interpreta Roy Batty, o líder replicante fugitivo. Questionador sobre sua existência ( as velhas perguntas "quem me criou" ou "pra onde vamos" ), tem em seu discurso final o ápice do filme, tanto em termos de interpretação como na criação de uma das cenas mais antológicas do cinema. E, talvez você não saiba, mais a fala foi escrita pelo próprio ator, após algumas mudanças no roteiro original. Ele inseriu " todos esses momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva". É de emocionar.
Emendou com O Casal Osterman, de Sam Peckinpah. Encabeçando o elenco, Hauer tinha a companhia de Craig T. Nelson, John Hurt, Dennis Hopper e Chris Sarandon. No longa, um diretor da CIA denuncia a um jornalista estar sendo perseguido por comunistas.
Aí meus amores, o ator deu mais uma contribuição para outro clássico inesquecível: O Feitiço de Áquila. O diretor Richard Donner teve a companhia de Hauer, Michelle Pfeifer, Mathew Broderick e Alfred Molina. No longa, um ladrão condenado a forca foge, e no meio do caminho, ao ser perseguido pela guarda do rei, é salvo por um misteriosos cavaleiro negro chamado Etienne Navarre e um belo falcão.
No decorrer do filme, percebemos que o cavaleiro e o falcão são um casal vítima de uma maldição. De dia, Isabeau d'Anjou é o falcão, e a noite, Navarre é um lobo, de modo que nunca se encontrem na forma humana. O filme foi um sucesso de bilheteria e de público, tornando-se o um dos filmes mais vistos da década de oitenta.
Os anos seguintes foram movimentados para o ator, que ainda tinha tempo para estrear outro marco do cinema: A Morte Pede Carona, de 1986. Jim Halsey ( C. Thomas Howell ) dá carona a um estranho, sem saber se tratar de John Ryder ( Rutger Hauer ), um assassino em série que age desta forma: pede carona e mata os motoristas. Com uma sorte absurda, Jim consegue fugir, mas a o assassino o persegue de obsessivamente, colocando, inclusive, a polícia contra Jim.
A década de oitenta terminou pra ele de forma digna. Fúria Cega, de Phillipp Noyce, conta a história de um espadachim cego interpretado por Hauer. Cego em combate durante a guerra do Vietnã, ele aprende a técnica milenar da espada num vilarejo local, com o intuito de se proteger. Baseado em Zatoichi, um famoso samurai da TV japonesa. Um bom filme de ação subestimado na época.
Nos anos seguintes, o ator participou de produções importantes, mas nem sempre como personagem central. Batman Begins, Sin City, Confissões de Uma Mente Perigosa, O Ritual, Drácula 3D, A lenda do Santo Beberrão e até um filme rodado em Ubatuba, Fliyng Virus. Isso porque eu escrevi os principais. O ator fez mais de trinta filmes, entre produções na Holanda, Estados Unidos, Espanha e Brasil.
O ator também era conhecido por sua colaboração com o Greenpeace e também possuía uma ONG chamada Starfish direcionada a prevenção da AIDS. Em seu segundo casamento, o ator deixa a esposa, com quem viveu por cinquenta anos e uma filha, a atriz Aysha Hauer, fruto de seu primeiro casamento.
Seu legado será lembrado não só pela indústria cinematográfica. Será lembrado por todos nós que fomos tocados de alguma forma por meio de seu trabalho, sua arte. Mais um grande mestre se foi, e não estamos conseguindo substitui-los em tempo. Perde o cinema, perdemos todos. Não será esquecido.
RR
Comentários
Postar um comentário