DÍVIDA PERIGOSA, 2018
Jared leto tem lá seu carisma. Também é um bom músico, um ator disciplinado. Já ganhou Oscar, Globo de Ouro, tudo isso é bom para provar que ele não é mais rostinho bonito. Ele é talentoso, além de um músico de sucesso, tendo feito divertidos shows pelo mundo, inclusive no Rock in Rio, com sua banda, a 30 Seconds to Mars. Dito tudo isso, vem a pergunta: por mais talentoso que seja, ele sustenta um filme "sozinho"?
A razão dessa pergunta se dá pela qualidade de seus trabalhos anteriores. Ele trabalhou com Oliver Stone ( Alexander, O Grande ), James Mangold ( Garota, Interrompida ), David Fincher ( Clube da Luta ), Andrew Niccol ( O Senhor da Guerra ), Darren Aronofsky ( Requiem Para Um Sonho ) pra citar alguns. Obviamente, na maioria das vezes, ao se cercar de pessoas com talento, o resultado é positivo.
Nesse longa, Dívida Perigosa, no Japão pós guerra, Nick, capitão do exército americano, passa seus dias numa cadeia violenta, dominada em grande parte por membros da Yakuza, a temível máfia japonesa. Um dia, ele ajuda Kiyoshi ( Tadanobu Asano ) a escapar das prisão, com a promessa de que, ao ficar em liberdade, o ajudaria a sair de lá. Promessa feita, Nick sai da cadeia empregado, e com um posto razoável na organização.
Com o passar do tempo, Nick sente o preconceito por ser americano ( é chamado de "gaijin" pelos japoneses, que significa estrangeiro ) mas ganha a confiança de parte da máfia, inclusive se envolvendo com a irmã de Kiyoshi, a belíssima Shiori Kutsuna. No meio de uma guerra de famílias, Nick se sobressai pela violência e por ser destemido. Único fator positivo da construção do personagem, é o alto grau de violência.
Nesse filme aqui, Dívida Perigosa ( The Outsider ), o poder do seu carisma é colocado em xeque. E o resultado não é lá muito agradável. Sabe quando você começa a ver um filme, e ele vai numa crescente, e de repente vai decaindo, decaindo, até ser um filme igual a muitos outros que se perderam pelo caminho? A mão "incômoda" do diretor seria o culpado? Seria o roteiro, interessante, mas sem uma grande "novidade"? Seria o elenco de apoio?
Coloco a culpa, em grande parte, no protagonista. Jared Leto está com sono. Essa é a qualidade da interpretação dele. Ele está, nitidamente, de má vontade. Sendo um ator multifacetado, não vemos nenhuma de suas famosas expressões, ou aquele pingo de criatividade. O elenco de apoio é muito bom, a ambientação do filme é muito boa, a construção da cidade pós guerra é positiva, mas o material humano aqui escolhido não casou com o ambiente.
Por ser uma produção executiva do próprio Leto, esperei mais. Ele está querendo dar uma de fodão, mas não tem aquele carisma que outros tem. Ele quis passar aquele personagem misterioso, intempestivo, sem nada a perder. Ele é até um bom cão de guarda, as cenas em que usa da violência são muito boas, mas faltou algo que até o mais temido dos vilões, dos "outsiders", precisam: faltou coração. Só para os fãs do ator.
RR
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