O QUE SERIA DE JOHNNY DEPP SEM TIM BURTON?

BURTON E DEPP

Que o diretor Tim Burton é um dos maiores talentos do cinema, disso eu nunca duvidei. Com um tom gótico e personagens obscuros, o diretor conta quase sempre com a mesma equipe técnica. Burton também conta, algumas vezes, com a ajuda de Johnny Depp. Dos 31 filmes do diretor, 8 contam com a presença do astro, que, digamos, nasceu com ele em Edward Mãos de Tesoura, de 1990. Vamos relembrar as parcerias desses dois monstros da sétima arte?

EDWARD MÃOS DE TESOURA, 1990

Tudo começou há 29 anos atrás em Edward Mãos de Tesoura, de 1990, uma fábula gótica fantástica e completamente original. Na obra, Depp é Edward, uma criação de um homem que, muito velhinho, morre antes de terminar a sua obra, digamos assim. Ao invés das mãos, o jovem tem tesouras muito afiadas. Com elas, o jovem rapaz ajudava o homem a cuidar do jardim, pois moravam sozinhos. 

Com o falecimento do seu criador, Edward, triste e sozinho, recebe a visita de uma senhora que trabalha com cosméticos chamada Peg Boggs ( Diane Wiest ). Ela nota algumas cicatrizes em seu rosto ( causada pelo manuseio das tesouras ) e percebe que o rapaz estava sozinho havia algum tempo já. Dotada de um bom coração, acha inadmissível deixa-lo sozinho na mansão. Ela então decide levá-lo pra casa, o que acaba causando um alvoroço, tanto na vizinhança, como em sua família.

O filme fala sobre um caminhão de coisas, mas foca mais nos debates sobre o preconceito com o que é diferente, incomum. Fala sobre abandono familiar, sobre a solidão e sobre entender melhor um mundo duro, mas, se cercando das pessoas certas, pode-se viver feliz onde quer que seja. As atuações são primordiais, principalmente Winona Ryder, que faz o par romântico ao lado de Depp. Uma obra atemporal que merece todo o crédito de seu criador, Tim Burton, que, além de dirigir, esboçou a história. O filme foi indicado ao Oscar de maquiagem.

ED WOOD, 1994

Em 1994, Burton fez o filme autobiográfico de Ed Wood, considerado o pior diretor de todos os tempos. Wood, que fez mais de vinte filmes. Os gêneros variavam entre o terror, ficção científica e até erótico. Com um recurso limitado, os filmes são caracterizados por efeitos especias bizarros e muita improvisação. O resultado disso é o titulo que carregou a vida inteira. Mesmo querendo parecer assustador, seus filmes acabaram ganhando um ar de comédia, devido a sua realização precária.

Se o diretor havia contado com a lenda Vincent Price em Edward Mãos de Tesoura, aqui ele conta com outra lenda: Martin Landau. O veterano ator interpreta a lenda dos filmes de terror Béla Lugosi, que atuou em Plano Nove do espaço Sideral, seu último trabalho para o cinema. O longa ainda conta com Sarah Jessica Parker, Bill Murray, Patricia Arquete e Jefrey Jones. Por esse trabalho, o ator Martin Landau levou pra casa um Oscar como ator coadjuvante. Rick Baker levou o de maquiagem.

A LENDA DO CAVALEIRO SEM CABEÇA, 1999

Na terceira contribuição do ator, temos A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça. A história se passa em 1799, no Condado de Sleepy Hollow. O investigador Ichabod Crane é chamado para investigar uma série de crimes em que as vítimas tem suas cabeças cortadas. Com métodos pouco comuns, Crane ( Depp ), tenta achar uma solução para os crimes macabros e envoltos numa aura de mistério.

Com um elenco de peso, conta com Martin Landau ( de novo ), Jefrey Jones ( de novo ), Miranda Richardson, Casper Van Dien, Christopher Walken, Michael Gambon, Michael Gough e Christopher Lee e Ray Park ( como dublê do ator Christopher Walken ). O filme é um desbunde visual, já característico nas obras do diretor. A história, firme, conduz um clima de mistério e terror durante quase todo o filme. Obrigatório em qualquer estante de cinéfilo.

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE, 2005

A Fantástica Fábrica de Chocolate é uma refilmagem do longa de 1971, estrelado por Gene Wilder como Williy Wonka. Os dois filmes foram baseados no livro de mesmo nome do escritor Roald Dahl. Dessa vez, Burton chamou novamente Johnny Depp para se juntar a ele interpretando o excêntrico Willy. Se eu não me engano, foi o primeiro filme de Burton as usar câmeras digitais.

No longa, Wonka é um homem solitário que vive isolado em sua fábrica, apenas com seus companheiros, um povo de estatura pequena denominados Oompa Loompa. O velho Wonka decide então fazer uma inesperada promoção: ele espalhou em seus chocolates, cinco bilhetes dourados que dão passe livre de um dia de visitação na fantástica fábrica. Entre as crianças que encontram , está um menino muito pobre chamado Charlie, vivido pelo excelente Freddie Highmore.

O elenco conta ainda com David Kelly, Christopher Lee ( de novo ), Helena Bonham Carter, Deep Roy ( Oompa Loompa ) e grande elenco. O filme começou a tomar forma em 1991, passando pelas mãos de uma dezena de pessoas, antes de cair no colo de Burton. Depp tem uma interpretação segura de seu Wonka, que flutua entre o cruel com as crianças, e amável com seus Oompa Loompas. O filme foi indicado ao Oscar de melhor figurino. Visualmente, o filme foge um pouco dos padrões sombrios do diretor, acertando no colorido vivo da película.

A NOIVA CADÁVER, 2005

A Noiva Cadáver também foi lançado em 2005. A animação conta a história de Victor Van Dort ( dublado por Johnny Depp ) é um aristocrata que se vê obrigado a casar com Victoria Everglot, que vem de uma família bem pobre, que enxerga no casamento uma maneira de sair da miséria. No dia do ensaio, na hora de dizer seus votos, Victor se atrapalha e tudo dá errado. Ele sai triste pelas ruas e entra numa floresta afim de ensaiar seus votos. Pois bem na hora que ele recita, de maneira perfeita, ele encaixa a aliança no que pare cia um galho de árvore. Ledo engano. Era a noiva cadáver que agora acredita estar casada com ele, e o leva para o mundo dos mortos.  

O desenho é a volta de Burton a temática gótica, que ele tanto ama e repete. Visualmente espetacular, conta com um elenco afiado como em todos os trabalhos do diretor. Helena Bonham Carter, Emily Watson, Albert Finney, Christopher Lee ( de novo ), Michael Gough e Deep Roy. Muito elogiado pela crítica, também teve sucesso de bilheteria. É o primeiro desenho dirigido por ele.

O BARBEIRO DEMONÍACO DA RUA FLEET, 2007

O musical O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet é foi tirado do livro de mesmo nome lançado em 1846, por Thomas Peckett Prest. No longa, Johhny Depp é Benjamin Barker (Depp ), um barbeiro que, sob falsas acusações, foi enviado para a Austrália, para que um juiz ( Alan Rickman ) pudesse roubar sua esposa e filha. Agora, soba alcunha de Sweeney Todd, ele retoma sua barbearia com a ajuda da Sra. Lovet ( Helena Bonham Carter ), mas o que ele realmente quer é se vingar do Juiz.

Eu não sou muito fã de musical, mas esse é um primor. Talvez pela identificação com a história ou os atores, achei tudo muito bem feito e ensaiado. Os atores brilham em seus números musicais. Temos uma trama macabra muito bem costurada pelo diretor e pelo roteiro. O filme recebeu três indicações ao Oscar. Melhor ator ( Depp ), melhor figurino e melhor direção de arte, levando esse último pra casa. Um belo filme.

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS, 2010

Os personagens de Lewis Carrol ganham vida mais uma vez. Agora  pelas pelas mãos de Tim Burton, o filme tem Helena Bonham Carter  como a Rainha Vermelha , Johnny Depp  como o Chapeleiro Maluco , Anne Hathaway como a Rainha Branca e Mia Wasikowska, como Alice. O filme se passa cerca de treze anos após a história original, mostrando Alice visitando o mundo fantástico da sua infância.

Johnny Depp brilha como o Chapeleiro Maluco, claro. Todo o elenco está extremamente afiado, com destaque para os personagens acima citado. Helena Bonham Carter dá um show como a Rainha Vermelha. mesmo não muito bem recebido pela crítica especializada, o longa tornou-se um sucesso de público quase instantaneamente, tornando-se assim, a vigésima segunda maior bilheteria da história do cinema. Foi indicado ao Oscar de direção de arte ( venceu ), figurino ( venceu ) e efeitos visuais.

SOMBRAS DA NOITE, 2012

Em Sombras da Noite, Depp é Barnabas Collins, um playboy inveterado, um bon vivant clássico. Rico e poderoso, sua família é dona de grande parte da cidade. Mas, um dia, ele comete o erro de tentar seduzir Angelique Bouchard ( Eva Green ) uma bruxa que decide vingar-se matando sua esposa e, o enterrando vivo e transformando-o em vampiro. Duzentos anos depois, ele se liberta e retorna para sua antiga mansão onde vivem seus pares.

É um filme não muito muito comentado do diretor. Achei o filme interessante, apesar de não ser dos melhores trabalhos dele. Meu destaque vai para, além das atuações, a maquiagem, muito bem trabalhada.  O roteiro, sem firulas, também não faz feio. Para os amantes do diretor, presença obrigatória na prateleira.