AL PACINO VS ROBERT DE NIRO - PARTE 1

Não existe uma escolha. Não tem como comparar em nenhum âmbito. Considero os dois atores os maiores em suas épocas. Não estou falando de premiações, estou falando de interpretações inesquecíveis. Contemporâneos numa época de grande valia do cinema, ambos trabalharam com os melhores diretores da sua época e alguns que mais tarde se consagrariam, como Martin Scorsese. Um pouco tardiamente, Pacino será visto no novo filme de Scorsese com de Niro e Joe Pesci chamado The Irishman, produzido pela Netflix.



A "comparação" será com base no primeiro filme de sucesso, filmes premiados e um filme não muito comentado de ambos. Com uma filmografia nem sempre brilhante, ambos permeiam entre o sucesso de público ou o de crítica. Juntos ou separados, representam uma grande parte da história do cinema mundial. Ao todo, De Niro foi indicado a sete Oscar, levando dois. Curiosamente, a mesma quantidade de Al Pacino, que levou um pra casa.
O PODEROSO CHEFÃO 2


Apesar de estrear no elogiado Caminhos Perigosos, de Martin Scorsese, De Niro ganhou o mundo interpretando Don Vito Corleone, em O Poderoso Chefão 2, nos seus primeiros passos na América. Vindo fugido da Itália, com a família envolvida numa vendetta, o menino teve ajuda para tentar a sorte na América, a terra das oportunidades. Com a saúde fragilizada, o garoto deu a volta por cima e se tornou um dos maiores mafiosos dos EUA. No mesmo filme, Al Pacino interpreta Michael Corleone, o filho de Vito. As cenas de Robert De Niro são passadas em flashback e retratam com uma realidade impressionante os cenários e o início da formação da América. Por esse trabalho, De Niro levou um Oscar pra casa.



O PODEROSO CHEFÃO


Curiosamente, o primeiro papel importante e de destaque de Pacino foi em O Poderoso Chefão. Como o jovem Michael Corleone, ex-combatente combatente de guerra, que sabia dos negócios do pai, mas não interferia. Com várias opções para interpretar Michael, o diretor Francis Ford Coppola optou por um ator desconhecido. Acertou em cheio. Nesse trabalho, o ator foi indicado ao Oscar, mas não levou. Sua interpretação vai ganhando força com o passar do filme, na medida que ele se vê obrigado a interferir nos negócios, pois seu pai sofre um atentado, ficando internado em um hospital. A trilogia O Poderoso Chefão é um dos melhores filmes que já vi em toda a minha vida. Baseado no livro de Mario Puzzo, ainda teve uma parte três na década de noventa. O Poderoso Chefão 2 foi indicado a onze Oscar, vencendo em seis: melhor filme, melhor diretor, melhor ator coadjuvante, melhor roteiro adaptado, direção de arte e trilha sonora.


TAXI DRIVER


Em 1976, De Niro retorna a parceria com Scorsese iniciada em Caminhos Perigosos, e estrela um dos filmes mais lembrados da sua carreira: Taxi Driver. O motorista de táxi Travis Bickle, dispensado do Corpo de Fuzileiros Navais, é uma pessoa introvertida e com dificuldades de dormir. Então ele arruma emprego dirigindo um táxi, e dá prioridade para o turno da madrugada. Em suas corridas de táxi, ele presencia a onda crescente de violência assolando Nova Iorque. Seu passatempo é ir ao cinema pornô. Um dia ele esbarra em uma prostituta de 12 anos ( Jodie Foster ) que estava fugindo de uma cafetão. Ele se sente compelido a ajudá-la mesmo diante da negativa da menina em sair daquela vida. No decorrer do filme, também se envolve com a belíssima Cybill Shepherd, uma assessora de campanha de um candidato a presidência. O filme ganhou a palma de ouro em Cannes e foi indicado a quatro Oscar: melhor filme, melhor ator ( De Niro ), melhor atriz coadjuvante ( Foster ) e melhor trilha sonora. Não levou nenhum.


UM DIA DE CÃO



Vou pular o filme Serpico ( pelo qual Pacino foi indicado ao Oscar ) e falar de um filme que sou fã. Tanto pela interpretação de Pacino quanto pelo elenco, afiadíssimo: Um Dia de Cão, de Sidney Lumet, de 1975. No filme, Pacino é um bandido que tenta roubar um banco com seu parceiro Sal ( John Cazale, excelente ) e tudo dá errado, forçando a dupla a fazer os clientes de refém numa tarde de calor escaldante no Brooklin. O que deveria ter levado minutos, é transformado em horas, criando um circo em plena calçada. A população tem um papel importante no assalto, pois acaba sendo manipulada pelo bandido, com gritos de ordem como "Attica" ( uma prisão americana ), inflamando a população e os meios de comunicação já no local, aguardando o desfecho do caso. No decorrer do filme, descobre-se que Pacino assalta o banco afim de fazer uma cirurgia de mudança de sexo de seu namorado, interpretado por Chris Sarandon. Indicado a seis Oscar, levou um, de roteiro.


CABO DO MEDO


Martin Scorsese refilmou o clássico de 1962 ( até então chamado de Círculo do Medo ), Cabo do Medo, em 1991. Chamou Nick Nolte, Julliete Lewis, Jessica Lange e, claro, Robert De Niro para o papel de Max Cady, que foi de Robert Mitchum. O papel de Gregory Peck ficou com Nick Nolte. Ambos fazem uma participação no filme. Max Cady é um estuprador psicopata que, estudando na prisão, percebeu que seu advogado Sam Bowden ( Nolte ) falhou de maneira grosseira no seu caso, aumentando ainda mais sua estadia na prisão. Ao sair, busca sua vingança sobre Sam a todo custo. O filme é um suspense aterrorizante, principalmente pela presença de De Niro, lotado de tatuagens e com apreço zero pela vida humana. A cena em que Max se infiltra na escola da filha de Sam, Danielle Bowden ( Julliete Lewis ) se passando pelo professor de teatro dela é um primor. Ela, menor de idade, fica encantada com a liberdade ( principalmente sexual ) pregada pelo falso mestre. O filme teve duas indicações ao Oscar ( De Niro e Lewis ) não levando nenhum. 



PERFUME DE MULHER


Perfume de Mulher, de Martin Brest, de 1991, talvez tenha sido o único filme elogiado do diretor. A película foi um sucesso e foi responsável pelo primeiro ( e único ) Oscar de Al Pacino. No longa, ele vive Frank Slade, militar cego que sonha realizar alguns desejos antes de morrer, com a  ajuda de Charlie Simms, interpretado por Chris O'Donnell, outro que não lembro de ter mantido a carreira de forma digna. Com um belo roteiro e uma fotografia impecável, caiu nas graças do público pela histórica cena em que Frank dança com a belíssima Gabrielle Anwar. Mas o filme é muito além da cena, com interpretações formidáveis de todo o elenco, inclusive a parte da família do ator. Todos tem um trauma ou um esqueleto no armário. Com Frank Slade não poderia ser diferente. Também indicado para melhor filme, roteiro adaptado e diretor, só Pacino levou pra casa.



RR












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