GANGUES DE NOVA IORQUE, 2003



"No sétimo dia o Senhor descansou. Mas antes, agachou-se na costa da Inglaterra e o que deixou lá, virou a Irlanda"

Bill, The Butcher

Martin Scorsese foi no interior da Irlanda buscar Daniel Day Lewis para dar vida ao lendário Bill "The Bucher" Cutting. Pra mim, é o melhor papel de Day Lewis e um dos mais emblemáticos vilões que já existiram. Por ser um personagem real, vemos parte da história dos EUA sendo contada. 



O filme se passa no fim do século 19. Sofrendo com a imigração, principalmente de Irlandeses, Nova Iorque, dividida em cinco pontas, tem em Bill seu principal líder. Controla os bandidos, assassinos e políticos. "Todo mundo me deve, todo mundo me paga". Em contrapartida, surge uma liderança por meio de do pastor Vallon, um irlandês. Numa batalha para ver quem detém o controle das cinco pontas, Pastor Vallon leva a pior, sendo assassinado por Bill, na frente de seu filho Amsterdam (Leonardo Dicaprio). O garoto, menor, vê o pai caído e tenta fugir. Como não consegue, é levado para o reformatório. Anos depois, ele retorna planejando sua vingança e buscando sobreviver em meio ao caos e a violência.



Ao reencontrar Johnny (Henry Thomas), um amigo de infância, Amsterdam pratica pequenos golpes. Num deles, acaba salvando a vida de Johhny, fato presenciado por Bill. Ele acompanha o amigo para pagar tributo ao Bill. Lá, acaba sendo oferecido um outro trabalho. E assim, ele acaba caindo nas graças do açougueiro, o assassino do seu pai. Amsterdam percebe o repeito de Bill por seu pai quando avista em sua sala um quadro do Pastor, como se fosse um santuário. De acordo com Bill, esse havia sido o último homem honrado que valeu a pena ele matar.



Passando pela história da formação de Nova Iorque por meio de imigrantes, até o início da guerra civil, passamos por todas as alas destroçadas pela corrupção. Apoiado pelo governador William M. Tweed (Jim Broadbent) e pelo chefe de polícia Happy Jack (John C. Reilly) Bill manda e demanda na cidade. Como ele mesmo diz "Happy Jack não respira sem o consultar". O filme ainda tem Jenny Everdeane (Cameron Diaz) como uma ladra. Batedora de carteiras e invasora das residencias dos ricos aristocratas da época.



Com cento e sessenta e sete minutos, não poderia ser menor. Com personagens complexos, o filme vai engrenando até a cena final, já épica. Dou destaque para todas as cenas do Açougueiro e suas frases de efeito. Seus embates com Boss Tweed são impagáveis. Com a crescente onda de violência descontrolada, o governador marca uma reunião com Bill, afim de amedrontar uns meliantes. "Devemos enforcar alguém. Pessoas sem afiliações partidárias, pessoas sem importância". E Bill pergunta: "Quantos?" Ele diz "Três ou quatro" Bill insiste "Quantos?" Ele determina, ajeitando a gravata "Quatro". Essa cena dá o tom da formação da cidade, por meio de imigrantes e ódio.



Temos um Leonardo Dicaprio seguro, mas ainda não muito amadurecido como viria a ficar depois, com o mesmo Scorsese no espetacular "O Aviador" Destaque também para Brendon Gleeson (Monk).



Filme mais que obrigatório. Além da direção, temos um elenco de dar gosto de ver. Tanto os principais, como os de apoio, ninguém deixa o nível do filme cair. Indicado para dez Oscar, não levou nenhum. Roman Polanski com seu drama de guerra O Pianista, frustrou os principais prêmios de Scorsese. Adrien Brody levou o de ator e Polanski levou o de diretor. Um gosto amargo para um filme grandioso como esse.

RR



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